terça-feira, 12 de agosto de 2008

MENSALÃO


O desenrolar das investigações e das CPIs chamou a atenção para outros escândalos que envolveram o partido do governo brasileiro em 2005, o Partido dos Trabalhadores (PT), e eclodiram antes do aparecimento das primeiras grandes denúncias sobre a existência do mensalão.
Em
2004 estourou o escândalo dos Bingos e em maio de 2005 o escândalo dos Correios. As investigações das CPIs trouxeram ainda para a pauta de discussões a misteriosa morte do prefeito Celso Daniel (2002) e as denúncias de corrupção na Prefeitura de Santo André (São Paulo), administrada por ele.
Dois inquéritos foram conduzidos. O primeiro, de abril de 2002, concluíra por sequestro comum, uma casualidade. Um segundo inquérito, conduzido pela Dra Elizabete Sato, indicada pelo então Secretário Saulo de Abreu, aberto no segundo semestre de 2005, novamente levou à tese de crime comum. O inquérito, com data de 26/09/2006, é anterior ao primeiro turno das eleições presidenciais. Sua repercussão na
mídia só se deu no final de novembro de 2006.
Por conseguinte, a crise do mensalão envolveu não somente o
escândalo provocado pela denúncia de compra de votos (o mensalão, propriamente dito), mas todos esses escândalos juntos, que de alguma forma ou de outra se relacionam. Um dos elementos que ligam esses outros eventos com o mensalão, são as acusações de que em todos eles foram montados esquemas clandestinos de arrecadação financeira para o PT. O dinheiro oriundo desses esquemas, pelo menos em parte, poderia ter sido usado para financiar o mensalão. Agora essa hipótese, ao menos em tese, se choca com a descoberta, em julho de 2008, de que o Banco Opportunity foi uma das principais fontes de recursos do mensalão: as investigações da Polícia Federal apontaram que empresas de telefonia privatizadas, então controladas pelo banqueiro Daniel Dantas, injetaram mais de R$ 127 milhões nas contas da DNA Propaganda, administrada por Marcos Valério, o que alimentava o caixa do Valerioduto. [1] [2]
Com o desenvolvimento da crise surgiram ainda novas denúncias e novos escândalos, como, por exemplo: o escândalo dos fundos de pensão, do Banco do Brasil, esquema do Plano Safra Legal, a suposta doação de dólares de Cuba para a campanha de Lula e a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo.
Confirmada, em segundo turno, a reeleição do Presidente da República para o mandato de 2007 a 2010, o peso das denúncias e sua valorização pela mídia é reavaliado por contraste, podendo evidenciar a tentativa de
manipulação através da comunicação de massa, dada a nítida redução das manchetes politicamente escandalosas após 01/10/2006. Outra reavaliação diz respeito à idéia familiar de que a formação de opinião segue o modelo de "ondas em um lago" - onde progressivamente camadas se influenciam ao longo do tempo, sem áreas de resistência. Ainda que as denúncias tenham repercutido em setores de classe média - em especial no sul-sudeste - isso não repercutiu ao longo do tempo nas classes sociais com maior número de pessoas.

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